CASTELO DE AREIA, segundo espetáculo de uma trilogia que iniciou com a estreia, em 2019, do trabalho “Do lugar onde estou mal te vejo” – que se debruça sobre a questão da construção da cidade do Rio de Janeiro -, fala sobre a vivência nesta cidade a partir da perspectiva de 05 bailarinos. Ainda trabalhando com um cenário composto por caixas de papelão e continuando a traçar uma relação profunda entre os corpos sólidos - caixa-corpo-cidade - o espetáculo Castelo de Areia ressalta algumas características estruturantes da cidade: sua instabilidade, já presente desde o fato de ter sido construída sobre um mangue, aterrada, reformada inúmeras vezes, e sua impossibilidade de conter - o rio, as pessoas, o avanço das casas... Nesta cidade, onde até um morro com sólida estrutura pode ser removido, os habitantes precisam criar soluções criativas para morar, mesmo sabendo dos riscos de remoção, como se o seu solo fosse sempre uma areia movediça, ou a própria lama. Aqui, é sempre iminente a possibilidade de perder a estrutura - seja do corpo ou da própria casa. Neste Rio carnavalesco onde a alegria corre por ruas e veias, é quase cotidiano vermos nossos sonhos desfeitos, como um castelo construído na beira do mar com frágil e fina areia.

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